Doença fúngica

Mofo cinzento, podridão-cinzenta-da-flor, mofo-das-flores

 

Relevância da doença

Quando o ataque ocorre ainda em botões florais estes se tornam escuros e endurecidos, ficando pendentes e não abrindo. Em torno dos botões há crescimento fúngico acinzentado. Pode ocorrer como doença pós-colheita, principalmente durante o transporte e em floriculturas (quando geralmente são mantidos sob alta umidade), exibindo necrose nas pétalas e até mesmo na haste, podendo desenvolver micélio e massa de esporos do fungo com coloração característica. Ocasionalmente pode haver sintomas nas folhas na forma de manchas pardas irregulares. Fatores que aumentem a umidade, como por exemplo o uso de redes plásticas nos botões, favorecem também o desenvolvimento do patógeno.

 

Etiologia

Agente etiológico

Botrytis cinerea Pers., Neues Magazin für die Botanik 1: 126, t. 3:9 (1794) [MB#217312]
Reino Fungi, Filo Ascomycota, Subfilo Pezizomycotina, Classe Leotiomycetes, Subclasse Leotiomycetidae, Ordem Helotiales, Família Sclerotiniaceae, Gênero Botrytis, Espécie Botrytis cinerea

 

Sinônimos

Botryotinia fuckeliana (de Bary) Whetzel, Mycologia 37(6):679. 1945
Phymatotrichum gemellum Bonord., Handbuch der allgemeinen Mykologie: 116 (1851) [MB#221169]
Botrytis diospyri Brizi, Annuario della Reale Stazione di Patologia Vegetale Roma 1: 132 (1901) [MB#244046]
Botrytis cinerea f. lini J.F.H. Beyma, Phytopath. Z.: 453 (1929) [MB#260809]
Gonatobotryum sclerotigenum Van Warmelo, Bothalia 10 (2): 347-349 (1971) [MB#314692]

 

Hospedeiro

Roseira, Rosa sp., mas é considerado um fungo polífago, atacando dezenas de hospedeiros de diversas famílias botânicas.

 

Distribuição

Cosmopolita

 

Sintomatologia

FOLHAS: Muito raramente ocorrem sintomas nas folhas, quando estes aparecem, apresentam-se como manchas irregulares marrons.
FLORES: Os botões infectados não conseguem se abrir e ficam recobertos de uma massa marrom-acinzentada (sinais do patógeno), curvam-se, e se observam lesões lisas, ligeiramente deprimidas, negro-acinzentadas, que se estendem ao longo da haste a partir da base do botão. Finalmente, o botão sofre um apodrecimento seco e termina mumificado. Nas pétalas infectadas, aparecem estrias, e o ápice e as margens das pétalas tornam-se marrons e moles. Às vezes, podem aparecer numerosas manchas ou pústulas marrons e circulares na superfície das pétalas.
HASTES: A infecção também pode iniciar na superfície de corte nos tocos onde foram cortadas as flores ou nos ferimentos das podas, tanto em cultivos em estufa como no campo; essas infecções conduzem à seca da haste. Sob condições favoráveis de temperatura e umidade, podem formar-se cancros em qualquer ferimento na superfície da haste; igualmente, as hastes novas podem ser infectadas nos nós e serem circundadas pela lesão, matando-as.

 

Características do fungo

Conídio variável no tamanho e forma, geralmente subgloboso ou oval, coloração variando de subhialino a levemente marrom, cerca de 8-16 x 6-12 µm de tamanho. São formados em sincronia. Conidióforos retos a levemente sinuosos, formato de estipe. Ramificação simples ou dicotômica, diâmetro de até 25 µm, parede espessa. Coloração marrom com redução da intensidade em direção ao ápice.
O fungo sobrevive nos botões mumificados, nas hastes infectadas secas, nos restos de plantas deixados no campo e nos resíduos vegetais em decomposição no solo, assim como em qualquer outra espécie de planta dentre as tantas que B. cinerea parasita.
A disseminação a longa distância se dá através das mudas ou flores infectadas. Dentro do rosal ou da estufa, os conídios são dispersos pelo vento e pelos respingos da água da chuva ou de irrigação por aspersão. Temperaturas amenas (ótimo de 15 °C), alta umidade relativa e ferimentos nos tecidos suscetíveis são condições que favorecem o desenvolvimento da doença no campo e na pós-colheita.

 

Manejo da doença

Não existem variedades ou cultivares de rosas resistentes a B. cinerea. Deve-se evitar plantações muito adensadas, e os sulcos ou canteiros deverão ser desenhados no sentido da predominância da circulação dos ventos para garantir uma boa ventilação. Igualmente as estufas devem possuir mecanismos que permitam uma boa ventilação para evitar a condensação de água no seu interior. Realizar vistorias periódicas no rosal e eliminar e destruir imediatamente todos os botões, flores e hastes infectados. O crescimento, a esporulação e a germinação dos esporos do fungo são favorecidos pelos raios de luz de comprimento de onda curta (ultravioleta), daí, sempre que possível, deve-se usar coberturas plásticas ou de vidros que filtrem tais raios. Pulverizações ou aplicações pinceladas de fungicidas protetores na superfície dos cortes após a colheita ou a poda. As rosas devem ser submergidas numa suspensão de fungicida antes de serem levadas para o armazém resfriado.

 

Referências

MycoBank – http://mycobank.org

Agrofit (MAPA) – Disponível em http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons, consulta em 26/06/2015

Index Fungorum – http://www.indexfungorum.org/

Kimati, H., Amorim, L., Rezende, J.A.M., Bergamin Filho, A., Camargo, L.E.A., Manual de Fitopatologia, volume 2, doenças das plantas cultivadas 4° ed., cap. 60, pág. 536, São Paulo: Agronômicas Ceres, 2005.