Brusone do arroz

Relevância da doença

A brusone é considerada a doença mais danosa à cultura do arroz, chegando a causar perdas consideráveis na produção. Nos casos mais severos, a doença ocorre durante todo o ciclo da planta, podendo levar a prejuízos de até 65% da produção (Faria & Prabhu, 1980).O arroz é uma importante fonte de alimento para grande parte do mundo, os seus efeitos têm uma ampla gama. Ele foi encontrado em mais de 85 países em todo o mundo e chegou aos Estados Unidos em 1996. Todos os anos, a quantidade de colheitas perdidas para brusone poderia alimentar 60 milhões de pessoas. Embora existam algumas estirpes resistentes de arroz, a doença persista onde o arroz é cultivado. A doença nunca foi erradicada de uma região.

Etiologia

Agente etiológico

Magnaporthe oryzae B.C. Couch, Mycologia 94 (4): 692 (2002) [MB# 484668], Ascomycota, Pezizomycotina, Sordariomycetes, Sordariomycetidae,Magnaporthaceae, Magnaporthe

Reino Fungi, Filo Ascomycota, Subfilo Pezizomycotina, Classe Sordariomycetes, Subclasse Sordariomycetidae, Ordem Diaporthales Família Magnaporthaceae, Gênero Magnaporthaceae,Espécie Magnaporthe oryzae

Sinônimos

Pyricularia oryzae Cavara, Fungi Longobardiae exsiccati sive Mycetum specimina in Longobardia collecta exsiccata et speciebus novis vel criticis inconibus illustrata Pug. I: no. 49 (1891) [MB#224486]

Hospedeiros

Poaceae, especialmente importante em Oryzae, mas também ocorre o aumento na Triticum.

Distribuição

Difundida em ampla gama de hospedeiros , incluindo arroz e trigo.

Características

Sintomatologia

Observam-se inicialmente nas folhas, pequenas pontuações de coloração castanha que evoluem para manchas alongadas com margem marrom e centro claro. Nas cultivares suscetíveis, a margem marrom muitas vezes é substituída por um halo amarelado. Nas cultivares resistentes se observam somente pequenas manchas marrom do tamanho da cabeça de um alfinete. Nas panículas, o fungo pode atacar o nó basal, a raque e as ramificações. A infecção do nó basal da panícula é conhecida como brusone de pescoço.
Se a infecção ocorrer logo após a emissão da panícula, os grãos não são formados e a mesma permanece ereta. Quando a panícula é infectada tardiamente, há um enchimento parcial dos grãos, e em alguns casos, por causa de seu peso, ocorre a quebra da base da panícula.(Agrosconect,acesso junho 2015)

Morfologia do fungo

Pyricularia oryzae é a forma comum deste fungo encontrada na natureza. Apresenta conidióforos longos, septados, simples ou em fascículas, raramente ramificados, simpodiais, geniculados com a parte basal do conidióforo mais larga. A conidiogênese inicia-se com a produção do conidióforo, emitido através dos estômatos, ou pela erupção direta do tecido da planta infectada. Um único conídio forma-se no ápice dos conidióforos, logo em seguida desenvolve-se uma ramificação abaixo do ponto de conexão do primeiro conídio e o segundo conídio começa a ser formado, até que sejam formados, em média, de oito a nove conídios por conidióforo. A conidiogênese é holoblástica, produzindo conídios mais ou menos redondos que se diferenciam para a forma alongada com ápice fino, resultado dos fatores fisiológicos e ambientais em que se encontra (Ellis, 1971; Hamer et al., 1988; apud Prabhu & Filippi, 2006). Os conídios produzidos são periformes, hialinos, com base circular e ápice fino, normalmente com dois septos transversais, raramente sendo encontrados conídios com um ou três septos, ligam-se ao conidióforo pelo lado mais dilatado, medindo entre 17-23 µm de comprimento por 8-11 µm de largura (Bedendo, 1997; Prabhu & Filippi, 2006). Durante a maturação, enquanto ainda ligado ao conidióforo, o conídio produz em sua extremidade uma mucilagem, que em contato com a água, auxilia sua fixação no hospedeiro (Hamer et al., 1988). Esta mucilagem é rica em manose, a qual tem afinidade com lectina concanavalina A, encontrada nas plantas (Howard, 1994). O conídio geralmente germina a partir da célula apical ou basal, sendo a germinação da célula central pouco freqüente (Ou, 1972).

Controle

Os danos causados pela brusone podem ser reduzidos pelo uso de cultivares resistentes, pelas práticas culturais e pelo uso de fungicidas, utilizados de forma integrada no manejo da cultura, quais sejam: bom preparo do solo; adubação equilibrada; uso de sementes de boa qualidade sanitária e fisiológica; incorporação dos restos culturais; plantios com profundidades uniformes, evitando, assim, focos de infecção; e plantio coincidindo com o início do período das chuvas. A proteção contra a brusone na panícula é feita por meio de pulverizações com fungicidas sistêmicos (vide AGROFIT), sendo feita uma aplicação no final do período de emborrachamento, e a segunda, na emissão de panículas, com 1% a 5% de emissão.

Referências importantes

FARIA, J.C.; PRABHU, A.S. Intensidade de brusone nas folhas em fases avançadas do desenvolvimento do arroz, baseada no número inicial de lesões. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.15, n.2, p.143-147, fev. 1980.

http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?Link=T&TableKey=14682616000000063&Rec=17391&Fields=All

http://nt.arsgrin.gov/fungaldatabases/new_allView.cfm?whichone=FungusHost&thisName=Pyricularia%20oryzae%20&organismtype=Fungus&fromAllCount=yes

http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Arroz/ArrozTerrasAltasMatoGrosso/doencas_metodo_controle.htm#bru

http://www.epagri.sc.gov.br/?page_id=1869#brusone

DEAN, R. A.; TALBOT, N. J.; EBBOLE, D. J.; FARMAN, M. L.; MITCHELL, T. K.; ORBACH, M. J.; THON, M.; KULKARNI, R.; XU, J.-R.; PAN, H.; READ, N. D.; LEE, Y.- H.; CARBONE, I.; BROWN, D.; OH, Y. Y.; DONOFRIO, N.; JEONG, J. S.; SOANES, D. M.; DJONOVIC, S.; KOLOMIETS, E.; REHMEYER, C.; LI, W.; HARDING, M.; KIM, S.; LEBRUN, M.-H.; BOHNERT, H.; COUGHLAN, S.; BUTLER, J.; CALVO, S.; MA, L.-J.; NICOL, R.; PURCELL, S.; NUSBAUM, C.; GALAGAN, J. E. & BIRREN, B. W. The genome sequence of the rice blast fungus Magnaporthe grisea. Nature, v.434, n.7036, p.980-986, 2005.

BEDENDO, I.P. Manchas foliares. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A. et al. Manual de Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Esalq, 1997. p. 848-858.

PRABHU, A. S. & FILIPPI, M. C. C. Brusone em arroz: controle genético, progresso e perspectivas. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão. 2006. 388 p.

HAMER, J. E.; HOWARD, R. J.; CHUMLEY, F. G. & VALENT, B. A Mechanism for Surface Attachment in Spores of a Plant Pathogenic Fungus. Science, v.239, n.4837, p.288-290, Jan 15, 1988.

HOWARD, R.J. Cell biology of pathogenesis. In: ZEIGLER, R.S.; LEONG, S.A.; TENG, P.S. Rice blast disease. Manila: Cab International, 1994. p.03-22.

OU, S.H. Fungus diseases – foliage diseases. In: RICE disease. England : CAB,. p. 97- 184. 1972

Citação

REZENDE, D.  Arroz (Magnaporthe oryzae : brusone do arroz).Atualizado em 01/07/2015.