Mancha Marrom

1 – Relevância da doença

A cevada (Hordeum vulgare L.) ocupa o quarto lugar em importância entre os cereais, depois do trigo, do milho e do arroz. A mancha marrom, mancha foliar ou helmintosporiose da cevada, causada pelo fungo Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoem, é uma doença amplamente difundida no mundo, sendo encontrada em todas as regiões onde o cereal é cultivado, podendo causar prejuízos significativos nos rendimentos e na qualidade da semente e do malte. Essa doença causa perdas econômicas que podem atingir até 30% da produção. Ao infectar sementes, dependendo das condições climáticas em que foram produzidas, estas podem apresentar de 10 a 100% de infecção pelo fungo. Deste modo, os fungicidas existentes no mercado se tornam incapazes de erradicar um patógeno com níveis de incidência tão elevados e de impedir a passagem do fungo para a parte aérea da planta. Esse problema onera o custo de produção da cultura pela necessidade de aplicação antecipada de fungicidas foliares.

2 – Etiologia

 2.1 – Agente etiológico

Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoemaker, Canadian Journal of Botany 37 (5): 884 (1959) [MB#293701]

Reino Fungi, Filo Ascomycota, Subfilo Pezizomycotina, Classe Dothideomycetes, Subclasse Pleosporomycetidae, Ordem Pleosporales, Família Pleosporaceae, Gênero Bipolaris, Espécie Bipolaris sorokiniana

2.2 – Sinônimos

Obrigatórios:

  1. Drechslera sorokiniana (Sacc.) Subram. BL & Jain, Transactions of the British Mycological Society 47 (4): 613 (1964) [MB#330218]
  2. Helminthosporium sorokinianum Sacc.: 238 (1891) [MB#152628]

Teleomorfo: 

  1. Cochliobolus sativus (S. Ito & Kurib.) Drechsler ex Dastur, Indian Journal of Agricultural Sciences 12: 733 (1942) [MB#285403] 

Facultativos: 

  1. Helminthosporium sativum Pammel, C.M. King & Bakke, Bulletin of Iowa State College: 180 (1910) [MB#172191] 

2.3 – Hospedeiros

Além dos principais cereais de inverno cultivados (aveia, centeio, cevada, trigo e triticale), o fungo pode ser também encontrado incitando lesões em raízes e tecidos foliares senescentes de algumas gramíneas forrageiras, invasoras e nativas, onde os cereais de inverno são cultivados. Também tem sido encontrado parasitando tecidos foliares em outros cereais de importância econômica, como o arroz, o milho e o sorgo. O fungo B. sorokiniana não é um parasita exclusivo das gramíneas, tendo a possibilidade de parasitar outras espécies não graminícolas, como é o caso das dicotiledôneas, entre elas, a cenoura, a salsa, o feijoeiro, a alfafa e espécies de trevo . 

2.4 – Distribuição

Possui uma distribuição cosmopolita.

3- Características 

3.1 – Sintomatologia

Em planta adulta, as manchas podem se desenvolver sobre folhas, bainhas, nós (lesões castanhas) e, às vezes, nos entrenós. Os sintomas foliares apresentam-se tipicamente na forma de pequenas manchas arredondadas a oblongas ou fusiformes, chegando a medir até um pouco mais de 2 × 20 mm, com coloração marrom a marrom-escura e presença de margens cloróticos. As manchas geralmente estão restritas às nervuras das folhas, porém, em alguns casos, podem continuar crescendo e coalescer, formando grandes lesões que cobrem grandes áreas da folha. Alta infecção provoca a senescência prematura das folhas. Manchas velhas apresentam, geralmente, aparência de cor preto-olivácea no centro da lesão, que corresponde à esporulação do fungo.

 

3.2 – Morfologia do fungo

Conidióforos solitários ou em pequenos grupos, direto, às vezes geniculado. Células conidiogênicas com terminação simpodial cilíndrica. Os conídios são retilíneos com proliferação simpodial, possui distossepto (pseudo-septados), curvos e afilados nas extremidades contendo 3 a 10 pseudosseptos, fusiformes amplamente elipsoidais, pálidos com meados de castanho escuro e possui, na sua base, um hilo externo e truncado. 

4- Material herborizado

VIC 

5 – Cultura depositada

COAD 

6 – Referências importantes

Barba J. T, Reis E. M., Forcelini C. A. (2004). Efeito do Substrato na Morfologia de Conídios de Bipolaris sorokiniana e da Densidade de Inóculo na Intensidade da Mancha Marrom em Cevada. Fitopatologia Brasileira 29: 1-6

Barba, J. T. (2001). Bipolaris sorokiniana (Cochliobolus sativus) em sementes de cevada: detecção, transmissão  e controle. Tese de Doutorado. Universidade de passo fundo.

Carmo I. R., Silva A. A.O, Rodrigues E. , Antomiazzi N., Bach E. E. Patogenicidade de isolados do fungo Bipolares sorokiniana em cultivares de cevada e trigo. Revista Científica, UNINOVE – São Paulo. v.2, p.11-17

MAPA (Agrofit) – Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons   Acesso em: 01 jun. 2015.

Mycobank: Disponível em  http://www.mycobank.org/Biolomics.aspx?Table=Mycobank& Page=200&ViewMode=Basic    Acesso em:01/06/2015

7 – Agradecimentos

Aos amigos da turma de mestrado em Fitopatologia pelo companheirismo, ao professor Robert pelos ensinamentos e ao Davi por todo auxílio.

8 – Citação

C . A. Milagres. Mancha Marrom da Cevada (Bipolaris sorokiniana). Biblioteca de imagens. Atualizado em 26/06/2015.

 9- Última atualização

26/06/2015

 10 – Controle 

Recomendações de controle não químico para a doença:

Para um controle adequado, deve-se adotar medidas culturais como: utilizar sementes limpas, sadias e adequadamente tratadas; evitar, sempre que possível, o excesso de umidade do solo; realizar rotação de cultura com espécies não-hospedeiras; semear a uma profundidade não superior a 5 cm; aplicar a quantidade certa de fertilizante nitrogenado, pois o seu excesso favorece o desenvolvimento da doença. Além disso, podemos utilizar cultivares que possuem altos níveis de resistência, como Virden, B1602, CDC Richard e Duke, as quais foram desenvolvidas no Canadá.

 Recomendações de controle químico:

Tratar as sementes com fungicidas protetores de amplo espectro. Para escolha do fungicida adequado é recomendado consultar o Agrofit (http://agrofit.agricultura.gov.br) onde estão listados todos os fungicidas registrados para esta cultura, assim como, as indicações de uso. Atualmente, existem 28 produtos registrados no Ministério da Agricultura, basicamente à base de triazol, para serem utilizados nos programas de controle da doença.