sintoma típico de brusone en espiga_foto de Gustavo BilibioO pesquisador Luis Ignacio Cazón retorna nos próximos dias à Argentina, sua terra natal, com a missão pra lá de aparecer no Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia . Depois de quatro anos dedicados ao doutorado, ele tranca o ciclo confiante para pôr fim à controle em torno da eficácia dos fungicidas disponíveis hoje no mercado para combater a brusone causada por Pyricularia oryzae nas plantações de trigo.

No trabalho “Sensibilidade a fungicidas em populações de Pyricularia de trigo e capim braquiária em Minas Gerais”, sob orientação do professor Emerson Del Ponte , Ignacio avaliou a sensibilidade de tolerante do fungo presente em Minas Gerais a três grupos de fungicida (DMI, QoI e SDHI ). “Estou muito satisfeito com esse trabalho, em particular, porque tudo o que vinha sendo falado até agora é que as eram resistentes, que não adiantava usar os fungicidas. Mas a gente, ao longo deste trabalho, descobri que temos sim alternativas químicas para o fungo”, conta ele.

O interesse de Ignacio pela fitopatologia começou ainda durante a graduação em Biotecnologia, pela Universidade Nacional de Tucumán , na Argentina. “Nesta época, eu observei para um laboratório de diagnóstico sorológico de doenças de plantas – de cana de açúcar, basicamente.” Depois da escola, Ignacio se mudou para Córdoba, onde integrou a equipe do Instituto de Tecnologia Agropecuária. Foi na Universidade Nacional de Córdobaque ele cursou o mestrado, em Agronomia, com foco em tecnologia de sementes. “Eu tinha vontade de sair da Argentina para fazer o doutorado, e pude escolher entre o Brasil e os EUA. Senti e conversei com minha família, que veio comigo, e conversou pelo Brasil. A gente tinha conversado com muitas pessoas que falaram que era maravilhoso, que as pessoas eram maravilhosas. Especialmente aqui, na cidade de Viçosa, a gente achou um pessoal ótimo, quase que fica difícil de voltar.”

Ignacio, que chegou ao Brasil em 2018, conta que a experiência brasileira superou todas as suas expectativas, apesar dos desafios do período pandêmico. “Conheço programas de pós-graduação lá na Argentina, e são muito diferentes. O rigor, a qualidade dos professores brasileiros, o conteúdo, o fato de que aqui a gente tem que pesquisar constantemente, tem que publicar, isso tudo faz muita diferença” . O maior ganho, porém, Ignácio diz estar na troca de experiência e conhecimento com os colegas. “Todo mundo contribui com todo mundo para a pesquisa. Há uma maneira bem sinérgica de conquistar conhecimento aqui, em pesquisa. Eu sempre falo que, na primeira folha, diz ‘Luís Ignacio’, mas não é um trabalho sozinho, é um trabalho conjunto , no qual influencia todos os colegas, os professores, a família mesmo.É uma conquista conjunta.

No retorno à Argentina, Ignacio vai retomar o trabalho como pesquisador do Centro de Investigações Agropecuárias, de onde ficou licenciado ao longo desses anos. “Está saindo daqui um pesquisador bem mais robusto em questões acadêmicas e em questões de metodologia. Tudo aquilo que aprendi aqui, não somente a respeito das disciplinas, mas de organização de laboratório, organização da pesquisa, com colegas, com outros professores, tudo isso impacta muito.”

Foto: Gustavo Bilibio