C. lindemuthianum2

Palestrante: Professora Marisa Vieira de Queiroz. Data: 04/06/2019, às 16:00 horas no Anfiteatro do ESB. O gênero Colletotrichum é considerado um dos mais importantes gêneros de fungos fitopatogênicos em nível mundial. Suas espécies são importantes não somente pelos prejuízos que provocam ao agronegócio, mas também por que são excelentes modelos para o estudo da interação fungo-planta. Colletotrichum lindemuthianum é o agente causal da antracnose no feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris) e pode causar perdas significativas de produtividade. Já foram descritas dezenas de raças fisiológicas de C. lindemuthianum, o que demonstra que esse fungo possui mecanismos eficientes para a produção de variantes genéticos. A pesquisa desenvolvida com C. lindemuthianum no Laboratório de Genética Molecular de Fungos (LGMF/BIOAGRO) da Universidade Federal de Viçosa tem como objetivo principal compreender os mecanismos usados pelo patógeno para a penetração, a colonização e a destruição do tecido do hospedeiro visando à descoberta de moléculas que possam ser utilizadas como alvos para o controle da doença. Além disso, são estudados também os mecanismos responsáveis pela geração de variabilidade genética envolvendo elementos genéticos móveis e o potencial para aplicação biotecnológica de proteínas degradadoras de parede produzidas pelo patógeno. Para atingir esses objetivos são empregadas as seguintes estratégias: isolamento e análise de mutantes aleatórios e direcionados ao sítio; silenciamento gênico por meio de RNA de interferência; sequenciamento e análise de genomas e transcriptomas; expressão heteróloga de genes de interesse biotecnológico. Técnicas eficientes de transformação genética, obtenção de mutantes e silenciamento de genes de C. lindemuthianum já forma desenvolvidas no LGMF. O sequenciamento dos genomas de dois isolados de raças diferentes revelou que C. lindemuthianum possui o segundo maior genoma já descrito para espécies de Colletotrichum, o que indica a presença significativa de elementos repetitivos e sugere a participação de tais elementos na geração de variabilidade genética. Foram preditos 324 genes que codificam proteínas candidatas a efetoras, sendo que 77,1% destes apresentam homologia com sequências não caracterizadas. Foram encontrados diversos genes que codificam enzimas com potencial para emprego biotecnológico e estão sendo montados os cassetes gênicos para expressão heteróloga. Atualmente, está sendo realizado o sequenciamento do transcriptoma de plantas em diferentes fases de desenvolvimento da doença. Com a realização dessas pesquisas, nós esperamos contribuir para a elucidação de mecanismos empregados por C. lindemuthianumi não apenas para infectar eficientemente o feijoeiro, mas também para a criação de novos genótipos e também demonstrar o emprego biotecnológico de enzimas produzidas por este importante fitopatógeno.